sexta-feira, 29 de julho de 2011

Jerônimo Savonarola, o mártir de Florença.

(Pregador)
1452 - 1498


O povo de toda a Itália afluía, em número sempre crescente, a Florença. A famosa Duomo não mais comportava as enormes multidões. O pregador, Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a iminência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria Igreja.

O povo abandonou a leitura das publicações torpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador: deixou os cânticos das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florença, as crianças fizeram procissões, coletando as máscaras carnavalescas, os livros obscenos e todos os objetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública uma pirâmide de vinte metros de altura e atearam-lhe fogo.

Enquanto o monte ardia, o povo cantava hinos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória.


Jerônimo era terceiro dos sete filhos da família. Nasceu de pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos da filosofia de Platão e de Aristóteles, deixara-lhe com a alma sequiosa. Foram sem dúvida os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram (a não ser as próprias Escrituras) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em oração aumentou.

A decadência da igreja, cheia de toda a qualidade de vícios e pecado, o luxo e a ostentação dos ricos em contraste com a profunda pobreza dos pobres, magoavam-lhe o coração. Passava muito tempo sozinho nos campos e à beira do rio Pó em contemplação perante Deus, ora cantando, ora chorando conforme os sentimentos lhe ardiam no peito. Quando ainda jovem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era sua grande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam repetidamente molhados de suas lágrimas.

Houve um tempo em que Jerônimo começou a namorar certa moça florentina. Mas quando ela mostrou ser desprezo alguém de sua orgulhosa família Strozzi, unir-se a alguém da família de Savonarola, Jerônimo abandonou para sempre a ideia de casar-se. Voltou a orar com crescente ardor. Enojado do mundo, desapontado acerca de seus próprios anelos, sem achar uma pessoa compassiva a quem pudesse pedir conselhos, e cansado de presenciar injustiças e perversidades que o cercavam, coisas que não podia remediar, resolveu abraçar a vida monástica.

Ao apresentar-se no convento não pediu o privilégio de se tornar monge, mas rogou que o aceitassem para fazer os serviços mais vis, da cozinha, da horta e do mosteiro.

Na vida do claustro, Savonarola passava ainda mais tempo em oração, jejum e contemplação perante Deus. Sobrepujava todos os outros monges em humildade, sinceridade e obediência, sendo apontado para lecionar filosofia, posição que ocupou até sair do convento.

Depois de passar sete anos no mosteiro de Bolongna, frei (irmão) Jerônimo foi para o convento de São Marcos em Florença. Grande foi o seu desapontamento ao ver que o povo de florentino era tão depravado como os dos demais lugares (Até então ainda não reconhecia que somente a fé em Deus salva o pecador).

Ao completar um ano no convento de São Marcos, foi apontado instrutor dos noviciados e, por fim, designado pregador do mosteiro. Apesar de ter ao seu dispor uma excelente biblioteca, Savonarola utilizava-se cada vez mais da Bíblia como o seu livro de instrução.

Sentia cada vez mais o terror e a vingança do Dia do Senhor que se aproxima e, às vezes, entregava-se a trovejar do púlpito contra a impiedade do povo. Eram tão poucos os que assistiam às suas pregações que Savonarola resolveu dedicar-se inteiramente à instrução dos noviciados. Contudo, como Moisés, não podia escapar à chamada de Deus !

Certo dia, ao dirigir-se a uma feira viu, repentinamente, em visão os céus abertos e passando perante os seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe pareceu uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar estas coisas ao povo.

Convicto de que a visão era do Senhor começou novamente a pregar com voz de trovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar nas ruas. Era coisa comum durante seus sermões homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro.

O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na mesma proporção. Frequentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez, enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão durante a qual ficou imóvel por cinco horas enquanto o seu rosto brilhava e os ouvintes na igreja o contemplavam.

Em toda a parte onde Savonarola pregava seus sermões contra o pecado produziam profundo terror. Os homens mais cultos começaram então a assistir às pregações em Florença, foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava à meia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral.

O corrupto regente de Florença, Lorenzo Médici, experimentou todas as formas: a bajulação, as peitas, as ameaças e os rogos para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o pecado e, especialmente contra a perversidade do regente. Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador Frei Mariano, para pregar contra Savonarola. Frei Mariano pregou um sermão, mas o povo não prestou atenção à sua eloquência e astúcia e ele não ousou mais pregar.

Nessa altura Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápoles morreriam dentro de um ano, e assim sucedeu.

Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e a influência de Savonarola aumento ainda mais. O povo abandonou a literatura torpe e mundana para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socorriam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na "piazza" de Florença e queimou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. Não cabiam mais pessoas na grande Duomo o seu imenso auditório.

Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498 por ordem do Papa foi enforcado e queimado em praça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!" , terminou a vida de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos.

Apesar de ele continuar até a morte a sustentar muitos dos erros da Igreja Romana, ensinava que todos os que são realmente crentes estão na verdadeira Igreja. Alimentava continuamente a alma com a palavra de Deus. As margens das páginas da sua Bíblia estão cheias de notas escritas enquanto meditava nas Escrituras. Conhecia uma grande parte da Bíblia de cor e podia abrir o livro instantaneamente e achar qualquer texto. Passava noites inteiras em orações e foram-lhe dadas revelações quando em êxtase, ou por visões. Seus livros sobre "  Humildade", "A Oração", "O Amor". etc.., continuam a exercer grande influência sobre os homens. Destruíram o corpo desse precursor da Grande Reforma, mas não puderam apagar as verdades que Deus, por seu intermédio, gravou no coração do povo .

2 comentários:

  1. Savonarola sem dúvida é exemplo pra nós.Um homem quer pregou com sua vida, e com seu sangue. Tão diferente do que vemos muito por aí. Mais do que nunca, está na hora de estudarmos a vida e as pregações destes homens de Deus que deixaram um legado tão importante para nós.
    Em Cristo

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Lya. Essa é a razão deste blog, difundir as vidas de servos do Senhor que cheios do Espírito levaram a mensagem do evangelho sem temer os homens.

    ResponderExcluir