SOSSEGAI! (Mestre O Mar Se Revolta).
Mary Ann Baker, a autora deste lindo hino nasceu em 16 de setembro de 1831. A tuberculose ceifou a vida dos seus pais e deixou-a órfã em tenra idade. Moravam em Chicago com a irmã e o irmão. Esse, um moço de excepcionais qualidades de caráter, começou a sofrer efeitos desta terrível doença. Das suas escassas economias, as duas irmãs conseguiram recursos para que ele viajasse à Flórida, na esperança de que no clima mais ameno começasse a melhoria. Não lhes foi possível acompanha lo. Tudo em vão. Em poucas semanas o mal se agravou e o rapaz faleceu, longe do aconchego da família. Não havia dinheiro para as irmãs irem ao seu enterro, nem para transportar o seu corpo para Chicago. Mary escreveu sobre esta experiência assoladora:
"Embora nosso choro não fosse 'como outros que não têm esperança' e embora tivesse crido em Cristo desde menina e desejasse sempre viver uma vida consagrada e obediente, tornei me terrivelmente rebelde a esse desígnio da divina providência. Disse no meu coração que Deus não amava a mim, nem aos meus. Mas a própria voz do meu Mestre veio aclamar a tempestade no meu coração rebelde e me trouxe a calma de uma fé mais profunda e uma confiança mais perfeita."
Foi logo depois desta maçante experiência que o Dr. Horatio Palmer solicitou a Mary Ann o preparo de um grupo de hinos sobre os assuntos das lições da Escola Bíblica da sua igreja Batista. "Um dos temas era Cristo Acalmando a Tempestade. Esta lição expressou tão vividamente a minha experiência, que este hino foi o resultado"
Nas palavras da inigualável hinóloga Henriqueta "Rosinha" Braga, a experiência de Mary Ann não apenas permitiu lhe narrar com felicidade a passagem bíblica; mais do que isto, capacitou a à expressar a profunda fé na atuação do Mestre, quando estamos prestes a submergir nas dificuldades, tristezas e impasses em que a vida nos enreda.
Imediatamente, o próprio Dr. Palmer escreveu a música para o hino, que tem beneficiado a muitos com a sua mensagem de fé. Publicou-o na sua coletânea Songs of Love for the Bible School (Cânticos de Amor para a Escola Bíblica), em 1874.
Depois disto, Mary Ann se empenhou de corpo e alma à União de Mulheres Cristãs Pela Temperança. Neste ministério teve oportunidade de observar, bem de perto, o sofrimento de irmãs, esposas e mães de alcoólatras cujas vidas naufragaram pelo degradante vício de beber. Depois de chorar com muitas destas mulheres ao lado da sepultura destes seus entes queridos, ela testificou: "Tenho chegado a sentir gratidão pelas doces memórias do meu irmão. O caminho de Deus é o melhor".
Ao saber que seu hino também estava sendo uma grande benção em outros países. Mary Ann Baker disse: "Me surpreende muito que este humilde hino tenha atravessado os mares e sido cantado em terras bem distantes para a honra do nome do meu Salvador".
Este hino logo foi incluído em outras coletâneas, Nos Estados Unidos, tornou se tão amado que, em 1881, quando o Presidente Garfield foi baleado, ficou ente a vida e a morte, e finalmente morreu, este hino foi usado repetidamente em cultos em sua homenagem. Foi neste ano que a autora também faleceu.
Sankey incluiu este hino em Sacred Songs and Solos (Cânticos e Solos Sacros-1881), que o difundiu ao redor do mundo. Provavelmente foi deste hinário que o saudoso missionário William Edwin Entzminger o traduziu para o português em 1903 e o incluiu no Cantor Cristão. Esta bela tradução, muito fiel à letra original, fez com que o hino se tornasse um dos favoritos dos evangélicos brasileiros, também incluído em outros hinários, como nosso Hinário Evangélico.
SOSSEGAI!
1. Ó Mestre, o mar se revolta,
As ondas nos dão pavor!
O céu se reveste de trevas,
Não temos um salvador!
Não se Te dá que morramos?
Podes assim dormir?
Se a cada momento nos vemos
Já prestes a submergir!
CORO:
"À minha palavra obedecerão:
Sossegai!
O vento em fúria, o rijo mar,
Ou a ira dos homens, o gênio do mal,
Jamais poderão a nau tragar,
Que leva o Dono da terra e Céus!
Pois todos tem de obedecer:
Sossegai! Sossegai!
Por que haveríeis vós de temer?
Sossegai!"
2. Mestre, mui grande tristeza
Me quer hoje consumir;
A dor que perturba minh'alma, ?
Vem Mestre, me acudir!
De ondas do mal tão medonhas
Como me livrarei?
Só tu podes salvar me, ó Mestre
Vem, pois, meu Senhor, meu Rei!
3. Mestre, chegou a bonança,
Em paz eis o céu e o mar!
O meu coração goza calma
Que não poderá findar.
Detém te comigo, ó Mestre,
Excelso dom do Céu,
E assim chegarei bem seguro
Ao porto, destino meu!
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