Thomas Olivers nasceu em 1725, na pequena vila de Tregynos, em Montgomeryshire, Pais de Gales. Quando tinha apenas 4 anos de idade, ele perdeu seus pais. Foi, então criado, até atingir os seus 18 anos de idade, por um vizinho que era fazendeiro, um certo Sr. Tudor. Durante parte de sua adolescência, Olivers serviu como ajudante de sapateiro. O condado onde ele morava era uma região notória pelo crime e imoralidade. Era natural que o jovem Olivers, que gozava ampla liberdade no lar do Sr. Tudo, cairia num caminho prejudicial à sua vida. Pelas suas próprias palavras, Olivers disse que a sua vida se tornou muito “perversa e corrompida”
Um dia, quando na cidade de Brsitol, Inglaterra, Olivers se converteu ao ouviu uma pregação do famoso evangelista George Whitefield sobre o texto de Zacarias 3:2 - “Não é este um tição tirado do fogo?”. Depois disto, Olivers tornou-se pastor metodista. Olivers era um dos membros do grupo de pastores itinerantes que fazia parte do grupo dos irmãos Wesley. Por 22 anos ele viajou milhares de milhas a cavalo, através da Inglaterra e Irlanda, pregando o evangelho. Não era raro ele encontrar feroz oposição e duras perseguições nestas viagens. Olivers, porém, nunca vacilou na sua missão.
Numa destas viagens evangelísticas, ele foi à cidade de Londres, onde visitou a Sinagoga de Dukes Place. É possível que Olivers tenha sido atraído à sinagoga para ouvir o cantor Meyer Lyon (ou Meier Leoni, como era conhecido). Robert McCutcheons diz que Leoni possuía uma bela voz e que “sua voz atraente e os seus maravilhosos cânticos atraíram uma grande assistência até de gentios”. No dia em que Olivers assistiu à reunião, Leoni cantou Yigdal, que é uma Doxologia hebraica – um tipo de “Confissão de Fé”.
Olivers ficou encantado com a melodia que, naquela mesma noite, escreveu uma letra de adoração para ser entoada com a melodia cantada por Leoni no Yigdal. O hino composto era uma paráfrase de Thomas Olivers sobre os Treze Princípios Fundamentais da Fé de Israel. Os Treze Credos ou Artigos da Fé Hebraica haviam sido escritos por Daniel ben Judah de 1396 a 1404 e eram cantados pelos judeus no início do serviço de culto matutino e final de culto vespertino na sinagoga.
Josiah Miller, no seu “Singers and Songs of the Church”, de 1869, diz: “O filho de um velho ministro Wesleyano disse há poucos anos: ‘Lembro-me que meu pai contou-me que estava uma vez parado no corredor da 'City Road Chapel', durante uma conferência no tempo de Wesley, e Thomas Olivers, um dos pregadores chegou-se a ele e disse: 'Dê uma olhada nisto; eu o traduzi do Hebraico, dando-lhe, tanto quanto possível, um caráter espiritual, e Leoni, o judeu, deu-me uma melodia de sinagoga que combinasse com o texto; aqui está a melodia que deverá ser chamada Leoni’.”
O nome dado a esta melodia judaica é Leoni, em homenagem àquele cantor que primeiro cantou a melodia para Olivers. Em alguns hinários, a melodia é intitulada Yidgal, por causa do seu uso na cerimônia da sinagoga.
Parece que a letra e a música “casaram-se bem”, pois desde então o hino tem sido um dos prediletos dos cristãos em toda parte do mundo, especialmente entre os metodistas. É difícil encontrar um hinário metodista que não contenha este hino de Olivers.
Olivers tornou-se amigo de John Wesley, que mais tarde o designou para ser o redator da revista “The Artminiam Magazine”. Por 12 anos, Olivers trabalhou neste setor, porém, o seu trabalho não foi totalmente satisfatório a Wesley, devido ao fato de que Olivers incluía muitas vezes artigos que não eram sempre do agrado de Wesley, e também porque constantemente a revista saía com vários erros tipográficos.
Olivers se aposentou em 1789 e passou os últimos 10 anos de sua vida em Londres, onde morreu em 1799.
Este hino de Olivers tem sido uma bênção para aqueles que trabalham na evangelização dos judeus, pois com esta antiga melodia judaica é fácil atrair a atenção para a bela letra de adoração.
Conta-se que certa vez uma jovem judia havia confessado Cristo como seu único Salvador e, ao transmitir esta notícia a seu pai, um judeu devoto, este a ameaçou de morte. Naquela mesma noite ela se refugiou na residência do pastor que a havia batizado. Silas Paine, no seu livro “Stories of the Great Hymns of the Church”, conta o relato de uma testemunha ocular daquela cena: “Eu a vi, na sua hora de mágoas, quando ela percebeu pela primeira vez que havia sido abandonada pela casa dos seus pais. Isto não chegou a desanimá-la nem a diminuir a sua alegria em Cristo. Nunca esquecerei aquela cena quando ele, de pé, com as mãos juntas, os olhos voltados para o céu e a fisionomia expressiva e iluminada, levantou sua voz e começou a entoar trechos do hino que já havia aprendido a char 'o seu hino'.” Era o hino de Thomas Olivers.
Quando o missionário Henry Martyn estava para embarcar para uma missão no Oriente, escreveu em seu Diário: “Algumas vezes estive muito ocupado em aprender o hino ‘Ao Deus de Abrão Louvar’: tão logo eu pude sentir a realidade das palavras desse hino minha mente ficou aliviada. Há algo peculiarmente solene e tocante para mim neste hino, especialmente nesta ocasião.”
Existem poucos hinos tão escriturísticos em cada linha. A música tem grande dignidade e solenidade, e deve ser cantada com andamento lento e solene.
Quem traduziu este hino para o português foi o Rev. Robert Hawkey Moreton.
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