terça-feira, 1 de novembro de 2011

Catando figos na figueira

Em meu afazer diário de catar frutas, hoje me dediquei a catar figos. Figos deliciosos como todas as frutas que o Senhor nos deu e que vou repartir com os amados que. São produzidos pela figueira, a primeira espécie frutífera mencionada na Bíblia.

Saboreando alguns antes de repartir, fiquei pensando em quantas aplicações nós temos sobre o assunto através da Palavra de Deus.

Assim em minha busca de encontrar os frutos me deparei com diversas espécies de figueiras. A primeira estava linda, cheia de folhas que proporcionavam sombra para o calor do sol. No entanto ao procurar os frutos, infelizmente nada encontrei. Lembrei-me daquela figueira em que o Mestre foi colher os frutos para se alimentar, mas nada encontrou.

Em um dos galhos que sustentavam uma parte da grande árvore, pude ver com os olhos espirituais Igrejas formosas, ricas, opulentas, com seus shows e grandes oradores. Era uma igreja vibrante que impressionava todos os que passavam, especialmente ricos, políticos, empresários. No entanto nesse ramo, em suas ramificações não havia fruto algum.

Em outro dos galhos vi outra Igreja também barulhenta onde os pequenos ramos apenas se preocupavam em seus crescimentos próprios, busca essa que era mais uma competição interna com os pequenos ramos roubando a beleza uns dos outros. Também não havia os frutos que tanto buscava.

Em mais um galho pudemos ver que as folhas mesmo estando velhas, ainda se mantinham em seus lugares. Observei que eram folhas que não queriam dar lugar ao renovar de seus ramos por causa de suas velhas e tolas tradições. No passado foram muito produtivas, mas do passado ficou apenas o ranço contra o renovar diário. Embora já tenham produzidos muitos frutos, hoje não mais os produzem, razão pela qual nada encontramos para colher.

Havia outros galhos com diversas outras características boas aos olhos, mas igualmente improdutivos. Espiritualmente vimos que esses galhos da figueira recusavam-se a produzir os bons frutos, não podiam os produzir, haviam se tornado estéreis para nada servindo. Fadados a serem cortados brevemente e serem lançados ao fogo, a serem vomitados da boca do Senhor.

Mas não me cansei da busca, porque sabia que o Senhor ainda havia mantido figueiras produtivas. Pois sempre que as figueiras se recusam a continuar produzindo frutos, o Senhor lhes volta as costas e dá atenção àquelas que estão prontas para a produção de frutos.

Dei atenção a um canto onde os agricultores estavam cuidando de figueiras que permitiam que fossem tratadas. Uma que havia produzido muitos frutos e estava cheia de ramos velhos permitiu que o cuidador fizesse uma grande poda em seus ramos. Foram retirados a maioria dos galhos dos ramos que já haviam frutificados para que novos brotos saíssem cor vigor.

Fazendo uma analogia com nossas vidas, entendemos que essa poda também é necessária em nossas vidas e devem ser feitas com a constância que só o Senhor de nossas vidas pode determinar. Os ramos do orgulho, da falsa humildade, dos interesses próprios, dos denominacionais, das mágoas, das friezas, do falso intelectualismo, do pernicioso acomodamento espiritual, da falta de interesse, da falsa do repartir com os necessitados. Enfim uma lista imensa que devemos deixar nas mãos do Mestre para que Ele sonde as nossas vidas e veja tudo aquilo que nos impede de produzir os frutos de uma vida submissa ao Espírito Santo do Senhor.

Vi outra figueira cheia de frutos a qual permitiu que eu colhesses muitos deles para poder repartir com os meus amados que estão me dando atenção nesta leitura. Meu desejo é o de repartir com todos, mas nem todos os aceitam, preferindo viver na mediocridade de suas vidas. Os frutos não são meus, foram produzidos pela figueira que recebe seus nutrientes através de suas raízes ligadas ao Senhor, ao Mestre amado.

Amados, as figueiras somos nós em particular. Paremos para pensar comigo como está a nossa vida perante o Senhor. Vamos ver se estamos produzido os frutos do Senhor para saciar outras outras vidas, para levar a paz e a graça do Senhor aos não alcançados que estão sedentos e famintos daquilo que o Senhor nos deu em abundância. Vamos juntos fazer o propósito de permitir que o Mestre faça o que for preciso em nossas vidas, mesmo que nos doa, mesmo que percamos muitas inutilidades que nos parecem valiosas. Mas que a vontade do Senhor e Mestre de nossas vidas em e através de nossas se estabeleça neste mundo mau através da vindo do Reino de Deus neste mundo.

Amém amados. E que Deus comece por mim, é a minha prece neste momento, com lágrimas nos olhos! Me trata Senhor para que o Senhor seja exaltado e o eu seja diminuído.

Ivo Gomes do Prado - 01/11/2011.


Marcos 11.12. No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
13 e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
14 E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.


APOCALIPSE 03:
16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Clube de salvos


A história abaixo não é mera coincidência nem com a realidade de hoje e nem com as histórias dos avivamentos, pois todos o movimentos tiveram os seus apogeus e seus declínios. São como as paixões que antecedem os casamentos, logo se apagam permanecendo o melhor que é o amor.

A maioria de nossas Igrejas atuais são como história de um clube de náufragos. Clube criado para salvar outros sobreviventes de naufrágios que havia numa costa marítima cheia de rochas traiçoeiras. Com o passar do tempo esse clube começou a se "organizar" acabando por serem acrescentadas muitas atividades sociais. Até que um dia, os membros do clube acabaram por se esquecer completamente da finalidade para que o mesmo havia sido criado.

Aí os recém salvos dos naufrágios recentes iniciaram outro clube de náufragos. Mas com o tempo esse novo clube acabou tendo o mesmo destino do primeiro clube.


E assim a história sempre acaba por repetir-se.


Não é possível se manter um avivamento em seus tempos de apogeu, mas é possível se manter o amor de Deus renovando-se constantemente para manter a chama do Espírito sempre a arder em nossos corações.



II Timóteo 1.6 "Por essa razão, torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição das minhas mãos."

Ivo Prado.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Avivamento em Shantung


 Avivamento em Shantung 
 Embora talvez pouco conhecido pela maioria dos cristãos, o Avivamento de Shantung é considerado um dos avivamentos mais significativos na China e foi, com certeza, o mais poderoso que já houve no meio dos batistas. Shantung (ou Shandong) é uma província no litoral nordeste da China. Pouco antes da invasão do país pelo Japão em 1937, no meio da turbulência política causada por atividade comunista na região, Deus enviou uma poderosa onda de avivamento que durou aproximadamente dez anos (1927-1937). A seguir, a terceira parte de uma série de relatos e testemunhos dessa importante visitação.

 Charles Culpepper, presidente do seminário batista em Shantung, na cidade de Hwanghsien, foi uma das peças importantes que Deus usou durante o avivamento naquela região. Depois que a missionária norueguesa, Marie Monsen, perguntou para ele se já havia sido batizado no Espírito Santo, Culpepper ficou profundamente incomodado e iniciou uma busca intensa em oração que levou quatro anos até receber a resposta. Na segunda parte desta série, vimos como ele foi poderosamente batizado no Espírito Santo enquanto, simultaneamente, Deus já estava visitando outras cidades na província.

 Logo após o batismo de Culpepper, Deus começou a agir na escola que os missionários mantinham na mesma cidade. A história do que aconteceu está na continuação do testemunho do próprio Culpepper.

 Avivamento nas Escolas

 Na noite daquele domingo [um dia após o meu batismo no Espírito], uns três ou quatro casais reuniram-se em nossa casa, outra vez. Oramos por aproximadamente duas horas, e o grupo inteiro de 10 a 12 pessoas foi tremendamente visitado. Todos ficaram cheios de alegria, alegria transbordante e indizível, cheio de glória. Rimos, choramos, louvamos a Deus por muito tempo. Estávamos cheios de gozo, mas não sabíamos o que Deus estava para fazer. Ele estava preparando tudo para um grande avivamento, trabalhando em nossos corações, não só em Hwanghsien, mas em vários outros lugares ao mesmo tempo.

 A missão batista tinha uma escola em Hwanghsien, para alunos de 12 a 18 anos. Havia umas 600 garotas na escola feminina e uns 1000 garotos na escola masculina. Na segunda-feira, as escolas estavam recomeçando as aulas, depois das férias de inverno. Embora fosse uma escola missionária, só havia uns 150 garotos e 120 garotas batizados. Os outros eram, quase todos, de famílias cristãs, mas que ainda não tinham experimentado uma conversão. 

 Ao chegarem à escola naquela segunda de manhã, os alunos encontraram um ambiente já fortemente carregado com a presença do Espírito Santo. Sem que ninguém organizasse nada ou tomasse qualquer iniciativa, os alunos começaram a sentir forte convicção de pecados. Tomados de surpresa, os professores nos chamaram, no seminário, para ir até lá e ajudá-los.

 Quando cheguei lá, havia quatro ou cinco garotos e o mesmo número de garotas em salas desocupadas. Sentindo grande convicção de pecados e chorando, confessaram que haviam mentido aos pais, colado nas provas, roubado objetos uns dos outros e sido desonestos em outras ocasiões. Ficamos com eles por algumas horas, até acertarem a vida com Deus e alcançarem a paz.

 Pensamos que no dia seguinte tudo voltaria ao normal e que as aulas começariam para valer. Mas não foi o que aconteceu. O diretor das duas escolas mandou um recado para mim e para o Pr. Wong (um dos pastores chineses), dizendo que Deus estava enviando um avivamento e que ele iria cancelar as aulas por um tempo. Pediu que eu assumisse uma reunião por dia (às 10 horas da manhã) e o Pr Wong, a outra (às 19 horas).

 Os alunos enchiam a capela, mais ou menos 1.500 pessoas, em cada reunião. Um bom grupo daquelas 200 pessoas que haviam sido visitadas na semana anterior [veja a parte II desta série] estava presente também. Ficavam em pé, em volta do auditório, nas paredes.

 Começávamos a reunião, eu lia alguns textos nas Escrituras e explicava como podiam ser salvos. Mal terminava a explicação, sem esperar o início dos cânticos, os garotos e as garotas da escola já corriam para frente, chorando e caindo de joelhos. Aqueles que já haviam encontrado com Deus na semana anterior vinham e ajoelhavam-se ao lado de cada um, ajudando-os a achar o caminho da conversão e da paz com Deus. Dezenas de alunos tiveram experiências com Deus em cada reunião. Ao final de dez dias, cada uma das 600 alunas já estava convertida. Dos 1000 garotos, 900 tiveram experiências de salvação.

 Numa ocasião, no meio da primeira semana, depois de ter pregado e feito o convite, dezenas de alunos vieram para frente e oramos com cada um. Estávamos quase prontos para encerrar a reunião quando um dos professores veio correndo e disse: “Irmão Culpepper, um rapaz, lá no fundo, embaixo da cadeira, está chamando você”.

 Fui até lá e ajoelhei-me ao seu lado. Ele disse: “Sr. Culpepper, o senhor não me conhece. Sou um ateu, sou comunista. A escola não sabe disso, ninguém sabe. Mas temos aqui uma célula de uns oito ou dez alunos que também são comunistas. E estávamos planejando matar o senhor e todos os missionários. Queríamos queimar as igrejas, exterminar o cristianismo. Hoje ouvi falar sobre esse avivamento. Falei: ‘Não existe nenhum Deus e não existe nenhum fenômeno que possa ser chamado de avivamento. Aquele missionário está hipnotizando as pessoas, e eu vou lá esta noite para impedi-lo’. Cheguei aqui e ouvi o senhor pregar, vi as pessoas indo para frente, confessando os pecados e chorando. Então eu disse: ‘Vou calar esse homem agora!’. Comecei a levantar-me do meu lugar, mas nem cheguei a ficar totalmente em pé quando algo me atingiu bem no coração. Sei que foi Deus que me derrubou e me jogou aqui embaixo desta cadeira. Agora aqui estou e quero lhe dizer, sr. Culpepper, que o senhor está certo e eu estou errado.”

 Na noite seguinte, o Pr. Wong estava dirigindo a reunião. Um garoto do meu lado caiu da cadeira e ficou esticado no chão rígido como uma tábua, rangendo os dentes e apertando os punhos. Depois de despedir a reunião, quando os outros haviam ido embora, os professores ficaram em volta do rapaz, orando por ele. Mas ele disse: “Não orem por mim, levem-me para casa para morrer”. Continuamos a orar, e finalmente ele disse: “Oh, Deus, se não me matares, confessarei meus pecados”. Em seguida, confessou praticamente a mesma coisa que o primeiro do grupo comunista havia confessado.

 No final, metade daquele grupo de 10 comunistas foi convertida e metade fugiu.

 Avivamento nas Igrejas

 Na semana seguinte, um dos pastores veio falar comigo. Ele era responsável por uma igreja que eu conhecia bem. Por dois ou três anos, eu havia dado assistência lá. Com um total de 30 e poucos membros, geralmente a frequência nos cultos oscilava entre 15 e 20 pessoas. Era uma igreja seca, sem vida. Nada do que fazíamos surtia qualquer resultado. Quando havia um ou dois convertidos dentro do período de um mês, ficávamos muito felizes.

 Mas, naquela semana depois do avivamento na escola, esse pastor chegou e disse: “Irmão Culpepper, o povo está chegando aos montões. Estão enchendo a casa e a área do lado de fora. Preciso de ajuda.”

 Fui naquela mesma noite, e realmente o local estava abarrotado. Tinha gente dentro do pequeno edifício e em todo o espaço em volta dele. Tentavam ouvir através das janelas e das portas. Fizemos reuniões durante uma semana, e cada vez que eu pregava, dezenas de pessoas vinham para frente. Ao todo, 100 pessoas fizeram uma decisão por Jesus, e batizei 86 pessoas no mesmo dia.

 Eu estava transbordando de alegria. Nunca havia batizado mais do que cinco ou seis pessoas, talvez 8, no mesmo dia. Geralmente, tínhamos que esperar dois ou três meses para ajuntar esse número. Meu gozo estava completo, quase insuportável, de poder ficar quase como espectador, vendo Deus agir e fazer milagres tão tremendos!
Poucas semanas depois, outro pastor veio, desta vez de uma região mais distante, a uns 150 km da missão. Fui para a cidade dele, e tivemos duas semanas de reuniões. Deus agiu poderosamente, e 300 pessoas se converteram. Batizei 203 em um só dia. Mais uma vez, senti tanta alegria que mal conseguia contê-la.

 Na província de Pingtu, onde o avivamento começou (antes de chegar à nossa província), houve 3000 conversões no primeiro ano. Jamais sonhamos em ver tantas conversões em apenas um ano. O número de igrejas dobrou-se, triplicou-se. Não havia mais problemas financeiros na obra de Deus, pois as pessoas traziam seu dinheiro, traziam seus corações. Elas cantavam, decoravam os salmos, creio que memorizaram mais de 30 salmos e os adaptaram a melodias chinesas. Amavam a Bíblia, liam muito a Palavra de Deus. Coisas maravilhosas aconteciam todos os dias.

 É claro que o inimigo não estava satisfeito e não ficou sem ação, não deixou que avançássemos sem oposição. Usou todos os seus recursos para nos atacar. Tentou impedir-nos, confundir-nos, imitar-nos. Tentou de tudo para parar a obra de Deus. Contudo, Deus deu-nos discernimento. Para isso, dou todo o crédito a ele. Não éramos nós os “entendidos” ou os “espertos”. Era simplesmente Deus concedendo discernimento ao seu povo.

 Testemunhos da Ação de Deus

 Houve vários casos de restituição. Um dia, estávamos orando, todos de joelhos. No final, quando nos levantamos, vimos um pacote de dinheiro em cima da mesa. Havia moedas (de valor equivalente a um dólar) e algumas notas. Junto com o pacote, havia uma nota escrita pela esposa de um dos pastores, dizendo que era o dinheiro do dízimo que ela roubara do Senhor, retendo-o para si mesma.

 Em outra ocasião, um diácono da igreja veio ao culto de santa ceia trazendo uma cesta carregada de moedas (também com valor aproximado de um dólar cada). Estava pesada, tinha umas 500 moedas. Ele chegou e colocou a cesta em cima da mesa da ceia do Senhor. Dentro da cesta, havia um bilhete explicando que era o dízimo que roubara de Deus durante muito tempo. Várias outras pessoas começaram a sentir o mesmo toque de Deus para acertar a vida nessa área.

 Certa manhã, um homem chegou à reunião de oração com o rosto inchado e vermelho, lágrimas escorrendo pelas faces. Foi naquela primeira semana, quando a reunião começou numa terça e continuou, sem interrupção, durante quatro dias. Sempre havia gente na sala de oração, às vezes pouco mais de dez pessoas, em outras até 200. Naquela manhã específica, havia umas 50.

 “Vocês sabem”, ele nos disse, “que minha esposa não é convertida. Deus mostrou-me ontem à noite que ela não é convertida por causa de mim. É impossível ela se converter. Estou vivendo uma vida hipócrita.

 “Vocês não conhecem minha esposa. Tenho medo dela, pois é um verdadeiro terror. Ela não quer que eu dê meu dízimo à igreja. Então tenho mentido para ela. Tiro o dízimo do meu dinheiro e depois chego em casa e digo que é só isso que tenho.

 “Também em outro assunto eu a tenho enganado. Ela não quer que eu vá para os cultos. Acha que é uma perda de tempo. Sempre há tanta coisa para arrumar, para consertar em casa, e ela quer que eu faça essas coisas no lugar de perder tempo indo para os cultos. Se eu insistisse em ir para os cultos, ela ameaçava seguir-me até o local e entrar na reunião, gritando, caindo no chão, fazendo um escândalo e me envergonhando. Vocês não conhecem minha esposa – ela seria capaz de fazer exatamente isso! Tenho medo dela!

  “Então, aos domingos, falo que preciso ir ao mercado. Vou ao culto primeiro e depois passo no mercado e faço algumas compras. É assim que a tenho enganado.

 “Mas ontem à noite, Deus tratou duramente comigo. Preciso ir para casa e confessar que tenho mentido para ela. Preciso contar tudo que tenho feito. Quero que orem por mim.”

 Em seguida, ele saiu, enquanto o grupo ficou em oração. Depois de uma hora ou mais, ele voltou, os olhos ainda cheios de lágrimas, só que desta vez eram lágrimas de alegria. Em seguida, contou-nos como Deus operara.

 Ao bater na porta, a esposa saiu xingando, pois ele não voltara para casa na noite anterior. Xingou e humilhou o marido com todo o vocabulário que conhecia. Mas ele disse: “Pare de xingar. Voltei para casa para confessar meus pecados para você”.

 Quando ouviu as palavras “confessar pecados”, a esposa parou. Pela primeira vez na vida, algo calou os seus lábios. Ela estava surpresa, atônita. Ele, então, entrou e contou-lhe tudo que Deus lhe havia mostrado como pecado em sua vida. Ao terminar, ele disse: “Agora já lhe contei tudo que Jesus apontou em minha vida”.

 “Foi Jesus que mandou você me contar tudo isso?”, ela perguntou.

 “Sim, foi Jesus. Eu não poderia continuar vivendo sem confessar essas coisas, sem acertar minha vida com você.”

 “Então, acho que preciso de Jesus na minha vida também”, ela respondeu.

 Foi assim que, no espaço de umas duas semanas, ela se converteu e também todos os seus filhos.

 Sentimento de Indignidade

 Esse foi apenas um exemplo das coisas maravilhosas, dos milagres que Deus operou naqueles dias. Em tudo, nos sentíamos muito insignificantes, era apenas assistir, ficar de lado observando enquanto Deus agia. Eu me sentia tão indigno que queria morrer, sumir de tão indigno.

 Senti-me como os discípulos, quando Jesus estava no barco deles e ordenou que se dirigissem para o meio do lago e lançassem as redes. “Senhor”, eles responderam, “trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Porém, sobre tua palavra, o faremos.”

 Abaixaram as redes e pegaram peixes para encher dois barcos. Ficaram tão estupefatos que caíram aos pés de Jesus. “Senhor”, disse Pedro, “retira-te de mim, porque sou pecador.”

 Era exatamente assim que me sentia. Antes do avivamento, labutávamos, nos esforçávamos, empurrávamos, usávamos nossos métodos e recursos, tudo que podíamos imaginar para ganhar pessoas para Cristo, para achar o avivamento, para fazer a obra de Deus. Depois, quando o avivamento chegou, de acordo com a ordem de Deus, ele desceu com o poder do seu Espírito. Vimos multidões sendo salvas. Coisas impressionantes aconteceram, e isso continuou por mais ou menos 15 anos.

 O Propósito de Deus no Avivamento

 Havia períodos de explosão, quando o avivamento espalhava-se como chamas de fogo fora de controle durante alguns meses. Depois, acalmava-se, entrando em uma fase mais quieta em que o Espírito Santo aprofundava a obra. Nesses períodos, havia mais ensinamento, mais estudo da Palavra. Depois de algum tempo, as chamas irrompiam outra vez.

 O avivamento espalhou-se por toda nossa província de Shantung e por mais cinco províncias no norte. Continuou sem parar por quase 15 anos, até a chegada dos comunistas. Até durante a guerra com o Japão, quando todos os missionários foram expulsos, os pregadores e obreiros chineses continuaram levando a Palavra.

 Tenho muita convicção de que Deus, sabendo o que viria para a China (a guerra com os japoneses e, depois, a vinda dos comunistas), enviou o avivamento para preparar o seu povo. Ele sabia que todos os missionários, todos os auxílios e suportes que foram dados para fundamentar e fortalecer a Igreja na China seriam retirados. E ele queria que os próprios chineses, os pastores e obreiros e todos os homens e mulheres na igreja pudessem realmente conhecer a Deus, face a face, e ser cheios de poder.

 Hoje, quando não há mais missionários lá, ninguém pode pregar abertamente e as igrejas estão fechadas, as pessoas lá têm a presença de Deus. Não têm permissão de possuir Bíblias, não podem reunir-se em igrejas. Porém, têm um sistema subterrâneo, um jeito de superar isso que é maravilhoso. E Deus está ali com eles.

 Creio firmemente que Deus queria prepará-los para o que viria e, por isso, enviou esse grande avivamento no tempo apropriado. Agora, recebemos notícias deles por vias que não podemos revelar.

 Embora seja ilegal possuir Bíblias, eles ainda têm algumas. Nunca podem levar uma Bíblia a uma reunião. Mas usam uma senha secreta e reúnem-se em grupos de quatro ou cinco pessoas, em noites escuras, debaixo de uma ponte ou outro local afastado. Escondem uma página da Bíblia dentro de um tubo de bambu, ajoelham-se juntos, embaixo de uma coberta, usando uma lanterna, choram juntos, lêem uma passagem, oram e consolam um ao outro. Para eles, a Bíblia é um tesouro de valor infinito. Dariam tudo para desfrutar das oportunidades que temos aqui no mundo livre.

 Deus sabe o quanto precisamos de um avivamento como aquele em nossos dias, aqui no mundo ocidental. No avivamento, Deus mesmo age. Ninguém mais nos poderá ajudar. Somente Deus.

 Fonte: Shantung Revival, testemunho em áudio, gravado em 1966, e disponível no sitewww.sermonindex.net

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Conde Zinzerdorf


 Pr. Florencio de Ataídes

Conde Zinzerdorf
Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Alavancando assim a obra missionária tão esquecida naquela época. Ele amava profundamente a obra missionária e, como poucos líderes na história, entendeu a importância de missões como a tarefa prioritária da igreja. Com seu exemplo foi capaz de levar a sua comunidade a abraçar o empreendimento missionário, enviando ao longo dos anos mais de 200 missionários para todos os continentes.

Zinzendorf nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. Seu pai, um alto oficial da corte, faleceu logo após seu nascimento, mas no leito de morte, o consagrou à obra do Senhor. Com o novo casamento de sua mãe, ele foi criado por sua avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorf, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor Jesus Cristo. Desde criança, Zinzendorf tinha grande interesse pelas coisas de Deus, como testemunhou mais tarde dizendo: “ainda na infância, eu amava o Salvador e tive comunhão abundante com Ele. Aos quatro anos comecei a buscar sinceramente a Deus e decidi tornar-me um verdadeiro servo de Jesus Cristo” (ATAÍDES, p. 15). Esse interesse acentuou-se ainda mais quando, aos dez anos de idade, foi matriculado na Escola Pietista, em Halle, onde foi tremendamente influenciado por esse movimento. Naquela escola, tornou-se líder entre os colegas criando a ordem “O Grão de Mostarda” que visava a evangelização do mundo. O emblema da ordem tinha um pequeno escudo com a inscrição: “Suas chagas nos curam”, e cada um deles usava um anel com as seguintes palavras: “nenhum homem é uma ilha.” Como lema da sua vida, Zinzendorf adotou a seguinte frase: “Tenho uma única paixão: Jesus, Ele e somente Ele”. Tendo essa paixão tão acentuada por Cristo, pregava uma profunda devoção pessoal a Ele baseada em sua própria experiência.

Certa vez, em uma de suas viagens pela Europa, numa galeria em Dusseldorf, na Alemanha, ao ver um quadro de Cristo coroado de espinhos com a seguinte inscrição: “Eu tudo fiz por ti, o que fazes tu por mim?” (ATAÍDES, p. 21), foi tocado profundamente, o que o levou a chorar e tomar uma decisão de dedicar a sua vida ao serviço de Cristo.

Ele usou sua herança em Berthelsdorf, para fundar uma comunidade denominada Herrnhut, que significa “Abrigo do Senhor”, em 1722, dando refúgio a cristãos perseguidos da Morávia, entre os quais se tornou o líder espiritual. Após 5 anos de existência, num memorável domingo, em 13 de agosto de 1727, quando estavam reunidos para a Ceia do Senhor, o Espírito Santo veio sobre eles, quebrantando-os e levando-os à maior reunião de oração de todos os tempos, que durou mais de 100 anos ininterruptos (TUCKER, p 73-74).

O despertamento missionário de Zinzendorf se deu quando, em Copenhague, participava da festa de coroação do rei da Dinamarca Cristiano VI. Foram-lhe apresentados dois convertidos esquimós da Groenlândia, batizados pelo missionário Hans Egede, e um escravo negro das índias ocidentais (NEIIL, P. 242). Zinzendorf ficou tão impressionado com eles que convidou o último para uma visita em sua comunidade em Herrnhut e a presença dele ali trouxe um grande despertamento entre os moravianos tendo como resultado o envio dos primeiros missionários, em 1732 (TUCKER, p. 74). O próprio Zinzendorf se tornou missionário entre os índios americanos, mas por algumas circunstâncias regressou a sua terra deixando este trabalho na responsabilidade dos missionários nomeados por ele.

Ele teve papel importante na propagação das missões cristãs na sua época e deixou exemplos que serão sempre modelos para a igreja, sendo pioneiro no exercício de missões protestantes estrangeiras que “enviaram, num curto espaço de tempo, mais missionários do que todos os protestantes juntos durante duzentos anos de protestantismo” (ATAÍDES, p.18). Os moravianos enviaram missionários para as Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.

O ilustre Conde Zinzendorf foi o líder da Igreja moraviana até sua morte, em 09 de maio de 1760, quando foi recebido nos tabernáculos eternos aos 60 anos de idade. Tendo sido um homem que buscou ardentemente a comunhão com o Senhor e a unidade do povo de Deus na terra, Zinzendorf levou seus seguidores a ter uma motivação e “a única motivação deles era o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra” (TUCKER, p. 77). Que possamos dizer como Zinzendorf: “venceu o nosso Cordeiro. Vamos segui-lo”.

Pr. Florencio de Ataídes

Diretor da EMPA – Escola de Missões Priscila e Áquila
Pastor da Igreja Presbiteriana Renovada há 20 anos.
Graduação em: Teologia e História
Pós-Graduação em Filosofia e Mestre em Missiologia

Referências:
ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.
NEILL, Stephen. História das Missões. São Paulo: Vida Nova, 1989.
TUCKER, Ruth. “...até os confins da terra”. São Paulo: Vida Nova, 1986.

Avivamento na Romênia - Oração e Avivamento - Sammy Tippit

Avivamento na Romênia? Sim! 

Leia o artigo a seguir que foi extraído do Arauto da Sua vinda. Ele foi adaptado de uma mensagem dada na conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento), em abril de 2004, em Asheville, Carolina do Norte, EUA.

Em 1980, fui para a Romênia pela primeira vez. Lá pude ver coisas a respeito das quais, até então, só havia lido em livros de histórias dos grandes avivamentos do passado: igrejas lotadas e pessoas tão famintas pela Palavra de Deus que decoravam não somente versículos mas capítulos e livros inteiros da Bíblia. Não houve um único culto nessa ocasião em que havia lugar suficiente para todas as pessoas que vieram. E isso não era por minha causa, pois naqueles dias não se podia anunciar a vinda de um pregador. Uma igreja lotada era a freqüência normal desses lugares em que Deus estava trabalhando de uma maneira maravilhosa.

No sudeste da Romênia, porém, as igrejas eram pequenas e não haviam experimentado o avivamento. Era muito perigoso entrar nessa região. Numa visita a Romênia, encontrei um homem que me desafiou dizendo: “Há algumas áreas no nosso país que nunca foram alcançadas e as igrejas de lá são muito pequenas e fracas. Você iria até lá para pregar o Evangelho?”

“Sim”, eu disse, “irei lá. O anseio do meu coração é ir até as pessoas não alcançadas em todo o mundo.”

A partir daí começamos a ir para esses lugares. Logo Deus falou ao meu coração que antes que pudéssemos realizar a obra de evangelização, tínhamos de cuidar da obra de intercessão. Deus estabeleceu isso como padrão no meu ministério. O meu primeiro chamado não era para pregar o Evangelho, mas levar o povo a orar. Assim, quando vamos a regiões difíceis e escuras, a primeira coisa que fazemos é convocar o povo à oração.

A característica mais maravilhosa dos cristãos romenos, pelo menos naqueles dias, é que quando se comunicava uma chamada da Palavra, eles a obedeciam prontamente. Nós enchemos as nossas mentes com o conhecimento da Palavra de Deus, mas eles enchiam os corações. Eles obedeciam à Palavra de Deus e a aplicavam. Aceitavam o desafio à oração, e nós voltávamos um ano depois para realizar reuniões evangelísticas. Vimos Deus operar de maneira tremenda.

De acordo com o que leio nas Escrituras e nas histórias dos grandes avivamentos, normalmente o Espírito de Deus toca o coração de alguém ou os corações de um pequeno grupo de pessoas, chamando-as à oração e à busca da sua face. Segue-se um mover do Espírito de Deus no meio do seu povo, trazendo quebrantamento, confissão, arrependimento, perdão e purificação. Depois vem uma forte proclamação da Palavra de Deus que resulta em abundante colheita evangelística. As maiores colheitas evangelísticas sempre ocorreram durante os períodos de avivamento. É por isso que, como evangelista, o meu coração queima para ver um avivamento entre o povo de Deus. O avivamento sempre vem logo após um mover de oração.

Oração Bíblica
Há muitos movimentos de oração que estão acontecendo hoje. O movimento de oração mais eficaz e poderoso é aquele que pratica o que chamo de oração bíblica. Quando oramos de acordo com a Palavra de Deus, podemos ter certeza que Deus vai fazer alguma coisa, porque a Escritura diz: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” (1 Jo 5.14-15).

A chave para ver Deus agir é orar de acordo com a sua vontade. Como podemos conhecer a sua vontade? A sua Palavra nos mostra o que é. Se orarmos de acordo com a Palavra de Deus, Deus fará coisas extraordinárias. Quando nos alinhamos com a sua Palavra, quando nossos corações entram em acordo com o seu coração – e a Escritura é simplesmente uma revelação do seu coração – ele faz coisas extraordinárias.

Em Mateus 6, a partir do versículo 5, temos o ensinamento de Jesus sobre a oração. Na passagem paralela de Lucas 11, está escrito que os discípulos vieram pedir: “Senhor, ensina-nos a orar”. No que concerne à oração, não há nada melhor a fazer do que orar como Jesus nos ensinou. Quando fizermos assim, podemos ficar certos de que ele nos responderá.

O Lugar da Oração
Quero que você observe três coisas no ensinamento de Jesus neste texto. A primeira é o lugar da oração. “Não sejas como os hipócritas”, Jesus disse, como os escribas e fariseus que gostavam de ser vistos dos homens. Eles iam para as esquinas para fazer uma exibição de sua espiritualidade. Não compreendiam o que era a oração. Jesus instruiu os discípulos a irem orar nos seus quartos, com a porta fechada, a fim de achar um lugar secreto com Deus Pai e encontrar-se com ele. O Pai que vê em secreto os recompensaria publicamente.

Nos dois últimos anos, Deus fez muito além do que eu poderia imaginar ou sonhar no meu ministério. Nessas horas, é uma grande tentação ocupar-me tanto do trabalho de avivamento e evangelismo, ao qual o Senhor me chamou, que eu acabo negligenciando o lugar secreto com Deus.

Em qualquer relacionamento humano, quer seja um relacionamento marido/mulher, quer seja um relacionamento pais/filhos, quer seja o nosso relacionamento com Deus –, a chave para a eficácia e a intimidade é basicamente a comunicação de dois corações. Na oração, é o coração de Deus com o nosso coração. Ele quer muito mais passar tempo conosco do que realizar algo através de nós. Ele quer que tenhamos um lugar no qual deixemos do lado de fora tudo que está ao nosso redor – até mesmo o ministério – a fim de nos encontrarmos com ele.

Ron, meu cooperador, e eu fizemos uma caminhada de oração no Afeganistão no ano passado. Passamos uma semana mais ou menos caminhando pelos campos e cidades do país e orando. Durante aquele tempo, ficamos na casa de hóspedes do ministério Shelter Now (Abrigo Já). Pouco antes dos ataques de 11 de setembro de 2001, o grupo radical Taliban, que governava o país na época, aprisionou várias pessoas desse ministério por terem feito um trabalho de evangelização. Oito pessoas, incluindo duas moças americanas, que trabalhavam no Shelter Now, foram mantidas em cativeiro por algum tempo.

Creio que a maior bênção que recebi nesse tempo no Afeganistão foi o privilégio de ser hospedado no Shelter Now. Todas as manhãs, antes de começarem o seu dia de trabalho, por cerca de duas horas, eles se reúnem e se encontram com Deus, orando e buscando a sua face. Todas as sextas-feiras, fazem uma vigília de oração de noite inteira. Isso vem acontecendo há anos, muito antes do Taliban os ter aprisionado. Quando foram jogados na prisão, simplesmente continuaram o que vinham fazendo há tempos, buscando a Deus, louvando e adorando-o.

Foi ali que compreendi o que Jesus disse em Mateus 6: se estivermos com ele no lugar secreto, Deus nos recompensará publicamente. O Taliban é um dos mais terríveis e sinistros grupos em todo o mundo, que procura manter uma fortaleza de domínio sobre a vida das pessoas, matando cristãos, destruindo a dignidade das mulheres e muitas outras coisas. Quando Deus quis acabar com esse domínio maligno, quem foi que ele escolheu para usar? Um grupo de pessoas que, todos os dias, antes de começarem o seu trabalho de servir e prover abrigo para as pessoas, gastam duas horas sozinhas com Deus como grupo.

A obra que estamos fazendo é obra de Deus. Nós não podemos fazê-la, quer seja uma função de secretariado, quer seja uma função de pregação, quer seja outra qualquer. Não podemos fazer o trabalho de Deus sem o próprio Deus.

Se quisermos ver avivamento entre nós, teremos de estar comprometidos em manter um lugar de oração. Precisamos ter um lugar e um tempo para nos encontrarmos secretamente com Deus, onde não estejamos tentando impressionar alguém nem fazer qualquer outra coisa a não ser simplesmente estar com ele.

O Poder da Oração
A segunda coisa que quero que veja é o poder da oração. Quero mencionar cinco princípios que Jesus ensinou a esse respeito.
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” Este é o princípio da adoração. O primeiro foco da oração, de acordo com este ensinamento de Jesus, não é na necessidade pessoal. O foco está em quem Deus é. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” O foco é para cima, não para dentro. À medida que mantemos o nosso foco nele, à medida que chegamos à sua presença, contemplando-o, adorando-o, dando-lhe louvor e gratidão –, todo o resto flui a partir disso. Quando vemos o seu coração e quem ele é, logo começamos a orar de acordo com o que está no seu coração e não com o que está no nosso coração. Orar com poder é orar de acordo com o que está no coração de Deus.

Temos muitas reuniões de oração por toda parte, mas a maioria gira em torno do que está no nosso coração. Tem muito mais a ver com as nossas preocupações pessoais do que com aquilo que está no coração de Deus. Quando começamos a orar sobre o que está no coração de Deus, ele faz coisas extraordinárias.

Jesus nos dá quatro princípios para seguir depois que fixamos o nosso foco em quem ele é, no que tem feito, na sua magnificência, grandeza, bondade, paternidade e santidade.

“Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade...” Este é o princípio da intercessão. Se virmos o que está no coração de Deus, passaremos a orar sobre isso. E o que é que está no seu coração? O mundo. Se você orar para que venha o Reino de Deus e seja feita a sua vontade; se orar para que o governo e reinado de Cristo alcancem os corações e as vidas de homens e mulheres; se suplicar para que as pessoas venham a se arrepender e a ter fé em Jesus Cristo –, Deus vai ouvir e responder a essas orações porque é o que está no seu coração.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3.16). Ore por pessoas e grupos de pessoas. Percebo que uma das coisas mais difíceis é fazer com que os cristãos orem por pessoas que nunca conhecerão ou por coisas que não os afetem diretamente. Nós oramos pelo pequeno círculo das nossas vidas, mas deixamos de orar por coisas que estejam além de nós, por pessoas e regiões que nunca veremos. Ore para que o reino de Deus venha e que a vontade de Deus seja feita no mundo.

O princípio seguinte é a respeito da provisão de Deus, o princípio da súplica: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.” Significa chegar diante de Deus e dizer: “Ó Deus, sem ti eu não posso existir. Preciso de ti! Preciso do sustento que vem de ti. Preciso da tua provisão!” Veja-o como seu provedor.

Depois vem o princípio do perdão: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Quando chegamos diante de Deus e vemos a sua santidade e grandeza, somos quebrados diante dele. A visão de Deus expõe as pequenas coisas: como eu falo com a minha esposa, como trato a minha equipe de trabalho, como interajo com os outros... As pequenas agendas escondidas no meu coração se tornam manifestas. Preciso chegar diante dele e dizer: “Ó Deus, não se trata do meu irmão ou da minha irmã, o problema sou eu mesmo. Como preciso de ti para me purificar e me perdoar...” Aí vem quebrantamento e purificação. O perdão começa a fluir, não somente em nós, mas através de nós aos outros, à medida que perdoamos aqueles que pecaram contra nós.

Finalmente, o princípio da libertação: “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal...” Deus se torna o nosso libertador. Ele se torna aquele que nos dirige e nos conduz até chegar à vitória. Ele nos dá a vitória sobre as coisas que Satanás lança contra nós. Estamos numa batalha espiritual. Deus será o nosso campeão. Ele é quem nos defenderá.

Estes princípios podem ser resumidos numa só coisa – o poder de Deus. É o poder de Deus mudando as vidas de homens e mulheres, o poder de Deus nos capacitando a fazer a sua vontade, o poder de Deus purificando-nos de qualquer coisa que o desagrade, o poder de Deus nos libertando do poder do maligno. Por isso, precisamos entender que o avivamento desce nas asas daqueles que oram porque, ao orarmos de acordo com a Palavra de Deus, o poder de Deus é liberado para completar a sua vontade.

O Poder da Oração Abrindo Portas no Irã
Conheci Ron, meu cooperador atual, por volta do final de 1997. Eu estava pregando numa conferência de pastores na Califórnia. Ron fora o Diretor de Marketing do Projeto Jesus durante muitos anos e estava nessa conferência para falar a respeito do filme Jesus. Embora não o conhecesse até então, eu estava ansioso por ouvi-lo porque sabia um pouco sobre como Deus vinha usando o filme Jesus em todo o mundo. Pessoas que nunca tinham ouvido falar de Jesus, pessoas analfabetas que não conseguiam ler a Bíblia eram capazes de ver e ouvir a história da vida de Jesus. Os filmes são exibidos em lugares que não se pode nem imaginar. É uma coisa fantástica.

Naquela manhã, enquanto Ron estava fazendo a sua apresentação – contando inúmeras histórias sobre as coisas que estavam acontecendo com o projeto do filme Jesus –, ele disse: “Eu quero desafiar Sammy Tippit a ir para o Irã”. Eu olhei para ele admirado, porque nem conhecia Ron. Ele disse: “Eu ouvi dizer que Sammy vai para países difíceis e quero desafiá-lo a ir para o Irã e a orar para Deus abrir as portas lá”.

Naquela época, pastores e líderes cristãos estavam sendo martirizados no Irã. Ron e a sua família haviam feito um propósito para orar por uma obra soberana de Deus nesse país. O problema é que norte-americanos não podiam entrar no Irã. Assim, antes de ir lá para orar, tivemos de orar para poder entrar lá. Oramos durante vários meses. Finalmente, um dia, Ron me chamou e me disse: “Sammy, Deus abriu as portas. Podemos conseguir vistos”.

Fomos num grupo de mais ou menos dez pessoas. Andamos pelas ruas de Teerã e pelas ruas de outras cidades do Irã, e oramos por oito ou nove dias: “Deus, faze a tua vontade neste país”. À medida que eu andava, observei algumas coisas. A primeira era a boa recepção que os iranianos nos davam. Eles diziam: “Estamos tão contentes que vocês estão aqui”. Era o contrário do que eu esperava. A segunda é que havia antenas parabólicas de televisão por satélite por toda parte. Era ilegal ter uma antena parabólica, mas quase todo o mundo tinha.

O Senhor começou a falar ao meu coração a respeito de transmitir o Evangelho por televisão para este país. À medida que andávamos e orávamos, começamos a clamar: “Ó Deus, abre uma porta para podermos introduzir o Evangelho aqui. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto no Irã como no céu”. Era um pedido próximo ao coração de Deus. Deus amou de tal maneira cada muçulmano fundamentalista radical que enviou o seu filho Jesus para morrer na cruz por ele.

Foi em novembro de 1998 que começamos a orar para que Deus abrisse aquelas portas. Depois de voltarmos para casa, nós nos reunimos com um grupo de pastores iranianos do sul da Califórnia e os consultamos a respeito do que deveríamos fazer. Começamos a nos reunir regularmente com um grupo de líderes e a ensiná-lo sobre oração, avivamento e princípios de liderança espiritual. Depois começamos a filmar as reuniões.

Em fevereiro de 2004, fizemos uma transmissão teste para ver que tipo de resposta nós obteríamos, porque nunca antes um americano compartilhou o Evangelho na televisão dentro do Irã. Eu fiquei maravilhado com o que aconteceu. Fui para o estúdio em San José, na Califórnia, de onde o programa seria transmitido por satélite para o Irã. Quando a transmissão começou, eu fui apresentado e compartilhei o meu testemunho e uma exposição do Evangelho das Escrituras. Antes de terminar a apresentação, todos os telefones estavam tocando! Pessoas estavam ligando de dentro do Irã e de toda a Europa Ocidental, querendo oração. Passamos o resto do programa orando com pessoas “ao vivo”, pedindo a Deus para fazer uma obra nos seus corações, para que o seu reino viesse e a sua vontade fosse feita nas suas vidas, para que viessem a Cristo, para que Deus agisse e trabalhasse poderosamente nas suas vidas.

Quando terminamos o programa depois de uma hora, os telefones continuaram a tocar naquele estúdio secular. Ficamos ainda mais uma hora lá respondendo as chamadas de longa distância que vinham do Irã, de Londres, da Alemanha e de todo o Oriente Médio. Quando voltamos para a igreja iraniana em San Jose, descobrimos que eles tinham recebido dezessete chamadas.

Há três semanas [março de 2004], começamos a transmitir regularmente um programa de televisão de uma hora por semana com o Evangelho de Jesus Cristo à nação iraniana.

Ron esteve no Irã, na semana passada, nos lares de pessoas iranianas que estavam assistindo ao programa.

Deus fará coisas extraordinárias que nenhum governo nem grupo religioso poderá impedir quando começarmos a orar a Palavra de Deus - “Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade na terra” (neste lugar... nesta situação...).” O poder de Deus é liberado porque isso é o que está no coração de Deus.

O Propósito da Oração
A terceira coisa a ser notada é o propósito da oração. O propósito de tudo que Jesus ensinou estava no final da oração: “Porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre.” Este é o propósito da oração. É por isso que a oração e o avivamento andam de mãos dadas. O propósito final da oração não inclui nada além da glória de Deus. Toda oração por avivamento aponta para esta finalidade – a glória de Deus. O que é avivamento? Avivamento é simplesmente a manifestação da glória de Deus no meio do seu povo. É quando Deus vem e visita o seu povo com a sua presença. Isso é avivamento.

Quando você ora de acordo com a Palavra de Deus, você está orando a oração do avivamento. Você está orando em favor da glória e da honra de Jesus Cristo. Quando você orar assim, Deus fará coisas extraordinárias. Ele moverá céus e terra para poder manifestar a sua glória. Nossos corações precisam ter um só pulsar, um propósito, um desejo, – pela glória de Deus –, e não pelo tamanho da nossa igreja, pela grandeza do nosso ministério, pelo número de pessoas que vêm à minha campanha. Quando a nossa paixão, o nosso desejo e o nosso coração forem: “Ó, que Deus seja glorificado!”, então Deus fará coisas extraordinárias!

A Glória de Deus numa Nação
Na Romênia, as pessoas oraram durante anos, mais de vinte anos, pela glória de Deus. Quanto mais oravam, mais escuro ficava naquele país, mais difícil ainda se tornava. Ao invés de ficar mais fácil, ficou pior. Mas quanto mais escuro o céu, mais brilhante é a luz da estrela.

Em 1988 eu fui preso e expulso da Romênia e me foi dito que nunca mais me seria permitido voltar ao país. A última coisa que me disseram foi: “Você nunca mais porá os seus pés no solo romeno. Enquanto você viver, nunca terá permissão de voltar a este país”. Havia uma coisa que eles não compreendiam: que Deus está no seu trono e ele responde as orações do seu povo!

Em 1989, ficamos sabendo que o pastor romeno no noroeste da Romênia, na região em que o avivamento estava acontecendo, ia ser preso. Os cristãos foram até o prédio de apartamentos no qual morava e fizeram um círculo ao redor do edifício, juntando os braços, tentando protegê-lo. A polícia secreta veio e começou a atirar na multidão, matando homens, mulheres e crianças inocentes. Quando o sangue dos mártires cristãos começou a correr nas ruas de Timisoara, houve dos céus uma liberação da glória de Deus.

Duzentos mil ateus – pessoas que tinham sofrido lavagem cerebral desde o jardim da infância até ao nível de pós-graduação na Universidade, que tinham sido ensinadas durante toda a sua vida que Deus não existia – se reuniram na praça principal para protestar contra o que estava acontecendo. O pastor da Igreja Batista se levantou e começou a pregar, e à medida que pregava, veio uma liberação da glória de Deus. Duzentas mil pessoas se derreteram e caíram de joelhos e começaram a orar em voz alta. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu...” Levantaram-se e começaram a gritar – 200 mil ateus – “Existe Dumnezue! Existe Dumnezue! Existe Dumnezue!”, que traduzido significa: “Existe um Deus! Existe um Deus! Existe um Deus!” Essa cena espalhou-se para cada um dos maiores centros metropolitanos do país. A canção tema da revolução era uma canção a respeito da segunda vinda de Jesus Cristo!

Um amigo me telefonou no Texas e disse: “Sammy, você precisa vir para a Romênia agora! Aquilo pelo qual oramos por tantos anos aconteceu finalmente. A glória de Deus está no meio do nosso povo! Você precisa vir e ver!”

Deixei tudo que estava fazendo e voei para Viena, Áustria. Atravessamos a Hungria de carro até a fronteira da Romênia. Oramos pelo caminho inteiro porque eu sabia que o meu nome estava no computador como persona non grata no país. Chegamos na fronteira romena, e os guardas da fronteira se aproximaram do carro. Antes da revolução, a primeira pergunta que sempre faziam era: “Você tem Bíblias?” Se você tivesse Bíblias, estava em apuros. Mas agora, no mesmo lugar em que haviam dito para mim: “Você nunca mais terá permissão de entrar neste país”, disseram: “Saia do carro”. A primeira pergunta desta vez foi: “Vocês são cristãos?”

Meu coração começou a bater mais forte; engoli em seco e disse: “Sim, somos cristãos”. Nunca esquecerei o que aconteceu a seguir. Aqueles soldados abriram os seus braços e disseram: “Bem-vindo a uma nova Romênia!” E exatamente no mesmo lugar em que me haviam dito: “Você nunca mais terá permissão de entrar neste país”, nós nos ajoelhamos e demos glória, e honra, e louvor a Jesus Cristo!

Quando oramos pelo nosso país, pode ficar mais escuro antes de ficar bem mais claro. Precisamos orar, não por uma libertação dos nossos problemas, nossas dificuldades e nossa economia; precisamos orar, isso sim, pela glória de Deus nesta nação: por um só anseio, um só propósito, um só desejo na oração – a glória de Deus!

Sammy Tippit é evangelista e dirige um ministério chamado “Sammy Tippit Ministries”. Para maiores informações, acesse www.sammytippit.org/br/ (em português).

Fonte: O Arauto da Sua Vinda Ano 23 nº 5 - Setembro/Outubro 2005